Autor: Luís Artur
A cada ano vão se dissipando as dúvidas quanto à ocorrência, em Moçambique, de eventos climáticos extremos, e desastres a eles ligados. Já não se trata de perguntar ‘se vai acontecer e quando? ´; para estas perguntas temos resposta: sim, vai acontecer e tudo indica que anualmente. A única pergunta para a qual ainda temos algumas dúvidas sobre a resposta e, quiçá, nos próximos anos consigamos responder, é: onde isso vai acontecer? Este cenário de certezas crescentes sobre o risco de desastres obriga-nos a repensar o modelo hegemónico de gestão dos desastres no país que olha, essencialmente, os eventos extremos como excepcionalidades da época chuvosa e ciclónica – fora da normalidade. E, como tal, tendem a ser tratados como aspectos residuais no processo de planificação e implementação de políticas e programas de desenvolvimento nacional. Neste Destaque Rural propõe-se um modelo de gestão de desastres que olha para os eventos extremos como uma nova normalidade no país para a qual precisamos de nos adaptar. Por outro, advoga-se que os desastres daí provenientes não são naturais; resultam da nossa preparação, como sociedade, para lidar com estes eventos. Não podemos mudar de país, mas podemos aprender a melhor conviver com os riscos climáticos.
Abril de 2023