Do império colonial ao fim do Estado Novo
Autor: Nelson Capaina
A prática da actividade pesqueira é secular em Moçambique. Com o passar dos tempos, ela foi tendo um carácter socioeconómico, como alimento de proteína animal mais importante das populações costeiras e ribeirinhas do interior e como fonte de rendimento dos actores envolvidos na cadeia de pesca. Com referência ao período colonial, o presente texto pretende ser uma contribuição para o debate sobre o desenvolvimento da pesca artesanal. O mesmo conclui que, até aos finais dos anos 50 do século passado, a pesca em Moçambique era praticada, na sua maioria, por pequenos pescadores artesanais africanos. Este predomínio foi consequência da estratégia colonial de ter Moçambique como consumidor de pescado proveniente de Angola e Portugal e da pressão imposta pela indústria pesqueira sul-africana, sendo Moçambique um dos consumidores. Quando, finalmente, se massificou a pesca industrial nas águas marítimas, a pesca artesanal foi, sistematicamente, relegada para o plano secundário. Em geral, houve fraca evolução da pesca nas águas interiores. Relativamente a aquacultura, conclui-se que a sua adopção ocorreu no interior do território, pelas empresas estatais e privadas de origem portuguesa, cujo pescado servia para alimentar a força de trabalho empregue nas respectivas unidades produtivas.
Novembro de 2021