Autor: João Mosca
O crescimento económico de Moçambique nos últimos anos tem-se revelado sectorialmente concentrador, muito desigual entre províncias e entre o meio rural e urbano, e incapaz de reduzir o número de pobres. A evolução das percentagens sectoriais na formação do PIB e na balança comercial indica o aprofundamento de uma economia virada para o exterior com exportação de recursos naturais e um bem manufacturado – o alumínio (uma indústria de “trânsito”) e importação de bens de consumo e intermédios. O padrão de crescimento aprofunda as características de uma economia em desenvolvimento (“subdesenvolvida”), que é suportada pelos factores que mais influenciam o crescimento, o investimento e o crédito (capital). A análise ficaria mais completa com a análise da evolução do factor de recursos humanos e as combinações do capital e do trabalho na função macroeconómica.
A economia nacional possui um baixo nível de poupança o que, juntamente com as condições desfavoráveis de crédito e as restrições orçamentais, com crescimento do défice e da dívida pública, provoca uma economia dependente de recursos externos e cujos sectores em crescimento se concentram nos de exportação ou importação, o que significa o definhamento do tecido empresarial local e da criação de emprego, e a secundarização da indústria nacional e da agricultura.
Janeiro de 2023