Este breve texto pretende demonstrar que a pobreza e o capital são faces da mesma moeda e que o Estado frágil/falhado constitui uma condição importante para a “facilitação” do extractivismo. Isto é, o desenvolvimento e actuação do capital, sobretudo do Investimento Directo Estrangeiro (IDE), produz pobreza e marginalização dos grupos sociais mais pobres e vulneráveis, sobretudo nas zonas de implantação desses investimentos, sem que a instituição Estado possua capacidade ou interesse em regulamentar, fiscalizar e fazer cumprir leis e acordos, e não actue em defesa dos interesses do país e, sim, de elites políticas. Interessa um Estado frágil nos limites de um Estado falhado, pois, neste caso, nem as elites teriam o controlo do país, nem as multinacionais saberiam com quem se relacionar e a quem corromper para que a extracção dos recursos passasse à categoria de roubo.
As consequentes relações económicas/comerciais, assentes na externalização da economia, na dependência do investimento externo, nas relações de troca desfavoráveis no comércio internacional e nas alianças entre as elites dos países desenvolvidos com as dos países menos desenvolvidos, reestruturam permanentemente as divisões de trabalho à escala mundial, que reproduzem o subdesenvolvimento e enriquecem os países desenvolvidos.