Autor: Nelson Capaina
Com o impacto da abordagem clássica de conservação sobre as pessoas locais, os actores de preservação já procuram incluir nos seus programas as funções sociais, económicas, culturais e, portanto, o bem-estar das pessoas directamente implicadas nos programas. No entanto, o uso de ecossistemas locais pelas comunidades para exploração dos seus recursos, ao mesmo tempo que ocorre a sua protecção, traz preocupações sobre a forma de actuação dos actores que “apoiam” as comunidades e como estas reagem às circunstâncias impostas. Este é o caso da área de conservação do Gilé, criada em 1932 como Reserva Parcial de Caça e recentemente recategorizada para Parque.
A zona tampão desta área é considerada importante veículo para melhorar a gestão e a conservação da biodiversidade e para melhor garantir benefícios para as comunidades locais, através do aproveitamento das oportunidades de uso dos recursos naturais existentes, incluindo outros beneficios. O texto procura mostrar as actividades praticadas pelas famílias na zona tampão e perceber como estas famílias gerem os constrangimentos decorrentes dos objectivos de conservação. Os dados mostram a continuidade de uma pluralidade de actividades tradicionalmente praticadas pelas famílias, mas sujeitas a proibições, restrições e, por isso, há sanções que são impostas pelas autoridades desta área de conservação. E deste processo, resulta um conjunto de conflitos entre os diferentes actores.
Dezembro de 2024