Autor: João Feijó
Em 2024 celebrou-se o sexagésimo aniversário do início da Luta de Libertação Nacional. Pelas possibilidades que abriu para a contestação e remoção do regime colonial, esta efeméride é entendida como uma importante data na história de Moçambique. Porém, a conquista da independência não interrompeu um conjunto de factores estruturais geradores de conflitualidade no país. Em 1976 iniciou um novo conflito armado, que ficou conhecido como “guerra dos 16 anos”, entre a Renamo e as tropas governamentais, interrompido em 1992 com o Acordo de Roma. Porém, em 2013 e 2014 e, mais tarde, em 2015 e 2016, a Renamo voltou a pegar em armas num conflito de baixa intensidade no centro do país. Em 2017, um grupo de jovens realizou um ataque a instalações governamentais no Norte de Moçambique, prolongando, até hoje, um conflito armado. Neste sentido, ao longo dos últimos 60 anos, Moçambique experimentou 37 anos de conflito militar, o que representa mais de metade de todo o período temporal. Neste texto, pretende-se compreender que factores estruturais são geradores de conflitos armados em Moçambique. Trata-se de analisar as lógicas da economia política nacional, de forma a perceber que condições de existência empurram diversos sectores sociais para opções violentas de reinvindicação política e social.
Agosto de 2024