Autor: João Mosca
Este texto procura compreender sobre as razões do fraco desenvolvimento do tecido empresarial nacional depois da independência. Considera-se que, de diferentes formas, a emergência de um sector privado e de empresários competentes, profissionais e patriotas, é inconveniente ao sistema político e económico, crescentemente assente em grupos de interesse político e económico que se enriquecem de diferentes formas não transparentes incluindo a corrupção e tráficos diversos; e, por “boladores” de todo o tipo. Em contrapartida, grupos do empresariado maioritariamente de origem asiática, estão sujeitos à indústria do rapto.
O autor procura responder à questão de que se existe ou não um propósito de não deixar emergir um tecido empresarial moçambicano forte operando em mercado livre e, consequentemente, a emergência de uma classe capitalista.
Em termos de economia política, o autor procurou fundamentar que no contexto de regimes autoritários, relacionados com redes de tráfegos diversos, com governações incompetentes e corrupção endémica como se vive em Moçambique, não interessa o surgimento de um sector privado forte, endógeno e patriota. Primeiro, porque o alargamento dessa base económica dificultaria ou seria concorrente com a economia de saque e da “bolada”. Segundo, porque surgiria um grupo social politicamente não alinhado e eventuais alternativas do poder a longo prazo.
Março de 2024