OR # 161 Dominação, colaboração e conflito na história do extractivismo de Cabo Delgado (Tradução de inglês para português)

Autores: João Feijó e Aslak Orre

Uma longa história de indústrias e actividades extractivas moldou as sociedades do norte de Moçambique, e a província de Cabo Delgado em particular. Durante séculos, a crescente procura internacional de recursos locais teve um grande impacto nas micro-sociedades do norte. A procura de mão-de-obra barata e de recursos naturais (marfim, o algodão, madeira, rubis, terra, gás e outros) envolveu milhares de actores locais na sua extracção, reproduzindo sistemas de poder local. A persistência da pobreza, da desigualdade e dos conflitos, bem como da violência latente e, por vezes, em grande escala, insere-se numa tendência de longo prazo do extractivismo. Através de uma abordagem histórica e de observações no terreno, centramo-nos na economia política da extracção de recursos naturais.

Destacamos os padrões básicos persistentes de extractivismo que acompanharam a integração de Moçambique nos mercados globais, e que continuaram, ou mesmo se aprofundaram, no período pós-independência. Estas actividades são orientadas para os mercados externos. São instigadas pelo investimento estrangeiro, mas são invariavelmente levadas a cabo em colaboração com uma cadeia de guardiões nacionais.

Num sistema clientelista, as elites locais recorrem à sua proximidade com o Estado para reproduzir o seu poder, muitas vezes à custa da expropriação do Estado. A fragilidade das instituições do Estado tem o efeito funcional de reproduzir as elites, servindo também os interesses do capital extractivista. Contudo, é um sistema com muitas e profundas contradições, produzindo conflitos e violência, que também colocam recorrentemente em risco esses interesses.

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