Autor: João Mosca
Resumo:
Este texto procura fundamentar a afirmação de que Moçambique vem aprofundando as suas características de país subdesenvolvido.
O autor faz um breve resumo dos contributos teóricos mais relevantes sobre o tema do desenvolvimento e subdesenvolvimento, considerando o objectivo e a fundamentação da hipótese reflectidos no título, refere-se às condições, contexto de Moçambique e apresenta uma série de dados estatísticos de média e longa duração para fundamentar a hipótese de trabalho.
O documento fundamenta em como a estrutura subdesenvolvida da economia moçambicana resulta de um processo de longa duração iniciado, sobretudo, a partir de finais do século XIX, tendo tido reformas de curto prazo sem efeitos estruturais. As características da economia mantiveram-se, tais como : (1) a base da agricultura de pequena escala, de baixa produtividade e pouco integrada nos mercados; (2) a população e o emprego rural na agricultura “familiar”/”de subsistência”/de pequena escala; (3) a extroversão da economia, primeiro com a produção de commodities para a industrialização portuguesa e, depois, para a realização de uma primeira transformação para permitir a exportação ou para preparar os bens importados para o consumo final no país; ressalta-se a fase final colonial em que se desenvolveu (para se desindustrializar após a implementação do PAE), uma indústria transformadora de matérias-primas e para consumo doméstico; (4) depois da primeira década do século XXI, emergiu uma indústria de recursos naturais com poucas ligações com a economia e sociedade e promotora de desigualdades sociais e espaciais.
Abstract:
This paper seeks to substantiate the claim that Mozambique has been deepening its characteristics as an underdeveloped country.
The author summarises the most relevant theoretical contributions on the subject of development and underdevelopment, considering the objective and the grounds for the hypothesis reflected in the title, refers to the conditions and context of Mozambique, and presents a series of medium and long-term statistical data to support the hypothesis.
The paper argues that the underdeveloped structure of the Mozambican economy is the result of a long-term process that began, mainly, at the end of the 19th century, with short-term reforms that had no structural effects. The characteristics of the economy remained the same, namely : (1) the base of small-scale, low-productivity agriculture with poor market integration;; (2) the population and rural employment in “family”/”subsistence”/small-scale agriculture; (3) the extroversion of the economy, with the production of commodities firstly, for the Portuguese industrialisation, and, afterwards, to carry out initial processing to enable exports or to prepare imported goods for final consumption in the country; the final colonial phase, in which a manufacturing industry for raw materials and domestic consumption developed (only to become deindustrialised after the implementation of the SAP); (4) after the first decade of the 21st century, a natural resources industry emerged with few links to the economy and society and that is promoting social and spatial inequalities.
Maio de 2024