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DR # 291 Moçambique é novamente uma colónia (English version available)

Autor: Joseph Hanlon

Num país rico em recursos, 73% dos moçambicanos vivem na pobreza, e a pobreza e a desigualdade estão a aumentar. Para onde é que vai o dinheiro? Para o estrangeiro.

A Frelimo obteve uma vitória famosa há 50 anos, derrotando um exército português muito maior. Mas a independência durou pouco e Moçambique voltou a ser uma colónia. Desta vez, não é uma colónia de um país, mas do FMI e das empresas internacionais. Mas não é diferente.

O FMI impôs o neoliberalismo e o mercado livre, onde tudo está à venda. E a elite da Frelimo, usando o seu controlo da terra, das minas e dos contractos, tornou-se – agente do novo colonialismo. O modelo é Raimundo Pachinuapa, general na guerra da independência e, até há pouco tempo, membro da Comissão Política da Frelimo. Ao ver que os garimpeiros tinham encontrado rubis no centro de Cabo Delgado, apoderou-se das terras e trouxe uma empresa britânica, a Gemfields, para fazer o trabalho de extracção e comercialização. Pachinuapa tornou-se milionário, mas os principais lucros saem do país, para a Gemfields, tal como o FMI pretendia. São criados alguns postos de trabalho no sector mineiro, mas, no fim, Moçambique ficará apenas com buracos no chão. Mais uma vez, na semana passada, o Ministro dos Recursos Minerais e Energia, Carlos Zacarias, disse que Moçambique deve usar os seus recursos minerais para impulsionar o desenvolvimento económico. Mas como? Pachinuapa e os seus rubis são a excepção. Há poucos milionários e nenhum desenvolvimento local. E não há ganhos para o moçambicano comum. Cabo Delgado, rico em minerais, continua pobre. É o que se chama a maldição dos recursos naturais.

In a resource-rich country, 73% of Mozambicans live in poverty, and poverty and inequality are increasing. Where does the money go? Abroad.

Frelimo won a famous victory 50 years ago, beating a much larger Portuguese army. But independence was short-lived, and Mozambique is again a colony. Not a colony of a state this time, but of the IMF and international corporations. But it is no different.

The IMF imposed neoliberalism and the free market, where everything is for sale. And the Frelimo elite was to use their control of land and mines and contracts to become oligarchs – by becoming the agents of the new colonialism. The model is Raimundo Pachinuapa, general in the independence war and until recently a member of the Frelimo Political Commission. He saw that garimpeiros had found rubies in central Cabo Delgado, so he grabbed the land and brought in a British company Gemfields, to do the actual work of mining and marketing. Pachinuapa had become a millionaire, but the main profits go out of the country, to Gemfields, as the IMF intended. A few mining jobs are created but, in the end, Mozambique will only be left with holes in the ground. Yet again last week Mineral Resources and Energy Minister, Carlos Zacarias, said Mozambique must use its mineral resources to drive economic development. But how? Pachinuapa and his rubies are the exception. There are few millionaires, and no local development. And there are no gains for ordinary Mozambicans. Mineral rich Cabo Delgado remains poor.

Agosto de 2024

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