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DR # 281 Descasque de cebola: um resgate das metodologias de pesquisa na era da inteligência artificial

Autor: Luís Artur

O avanço da inteligência artificial tem preocupado muitos pesquisadores que temem pelo desaparecimento do trabalho de campo. Neste Destaque Rural argumenta-se que, a existência e utilidade da inteligência artificial dependem, largamente, da rigorosidade e qualidade das pesquisas de campo. Neste sentido, o trabalho de campo e a inteligência humana continuarão a ser de grande relevância para que haja uma inteligência artificial de utilidade pública. A fim de promover pesquisas qualitativas mais profundas, o texto apresenta a metodologia na analogia de descasque de cebola. Nesta metodologia, o trabalho de campo se assemelha a um processo contínuo de descasque da cebola aonde as folhas exteriores representam as informações superficiais que se obtém dos primeiros contactos, enquanto as mais significativas se revelam à medida que se penetra no tempo e espaço do objecto ou sujeito de estudo. Um resgate as metodologias de trabalho de campo se torna relevante no contexto actual marcado por uma abundância de informações, por cortes de financiamento à pesquisa, pela demanda por resultados rápidos e pelo surgimento de plataformas de inteligência artificial que tendem, no geral, a tornar as pesquisas cada vez menos profundas, usualmente rápidas, e de pouca utilidade. Argumenta-se ainda que, estar pouco tempo no campo não é sinónimo de ter pouca informação ou informação de pouca qualidade; no final, não é o tempo ou o dinheiro que ditam os resultados, mas o pesquisador. A responsabilidade com aquilo que se tem e se faz, assim como com o seguimento dos princípios éticos, incluindo a crítica e a autocrítica, devem prevalecer em qualquer circunstância de pesquisa.

Julho de 2024

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Julho

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