Autores:João Feijó e Momade Ibraimo
Numa semana em que o problema do garimpo entrou na agenda noticiosa – em resultado dos graves conflitos que se verificam em Namanhumbir, no distrito de Montepuez, neste destaque rural pretende-se reflectir sobre os problemas socio-económicos resultantes da mineração artesanal em Moçambique, procurando-se sugerir algumas medidas para uma exploração mais sustentável e com benefícios mútuos, quer para o Estado, para as empresas, populações e operadores locais.
Não obstante a pluralidade das práticas que envolvem a mineração artesanal, constata-se um conjunto de aspectos comuns, nomeadamente:
A clandestinidade destas práticas (marcada pelo improviso e pelo não pagamento de impostos);
Geração de movimentos migratórios ilegais;
Agravamento das condições dos assentamentos humanos (em termos de habitação, saneamento, acesso a água ou energia);
Incerteza dos rendimentos e secretismo das redes de comercialização;
Riscos ambientais e de higiene e segurança no trabalho;
Conflitualidade e insegurança pública;
Assim como pela retirada de recursos da produção agrícola, colocando em causa a produção de alimentos e a segurança alimentar.
Conclui-se que se assiste a um cenário far west, marcado pela não aplicação da Lei, pelo oportunismo e pela insegurança generalizada. Pela modo imediatista como está sendo praticada, esta actividade apresenta-se insustentável, não contribuindo para a diminuição da pobreza, a médio e longo prazo.
Neste cenário, chama-se a atenção para a necessidade de:
Realização de pesquisas complementares em torno da avaliação dos riscos de insegurança, de identificação de destinos e circuitos comerciais, valores não tributados e mecanismos de fiscalização;
Reforço da capacidade institucional do Estado e do cumprimento da Lei, reforçando a fiscalização e o processo de atribuição de licenças;
Descentralização, responsabilização e reforço da capacidade local;
Promoção do associativismo;
Promoção de acções de advocacia;
Salientando-se a necessidade de tornar a agricultura rentável, aumentando a produção alimentar.
Data :Agosto de 2017
