Autores: Nehemias Lasse e Máriam Abbas
A segurança alimentar nos países em desenvolvimento, como Moçambique, ainda constitui um desafio, principalmente nas comunidades rurais, grupo social que tem sido afectado desproporcionalmente por diversos choques, tanto sociais (flutuação de preços de produtos alimentares, conflito armado, etc.) quanto climáticos (ciclones tropicais, cheias, secas, etc.), dada a sua elevada vulnerabilidade.
Esta vulnerabilidade é associada, de entre outros factores, à dependência climática dos principais sistemas de produção praticados pelos pequenos produtores, assim como pela sua percepção dos riscos climáticos, a qual dita o nível de preparação para fazer face a diversas ameaças. Neste contexto, o presente Destaque Rural (DR) analisa os determinantes da escassez de alimentos e as respectivas estratégias de sobrevivência adoptadas pelos produtores nos distritos de Nicoadala, Morrumbala e Gurué.
Os resultados deste estudo apontam para a prevalência da escassez de alimentos mesmo no período pós-colheita, facto que revela a elevada vulnerabilidade dos pequenos produtores à insegurança alimentar. Esta escassez é determinada pelo acesso à informação climática, baixos níveis de escolaridade e áreas agrícolas pequenas.
Face à escassez de alimentos, os pequenos agricultores adoptaram estratégias de sobrevivência, com destaque para o consumo de alimentos menos preferidos ou os com menor preço de compra, redução do número de refeições por dia e diversificação das fontes de subsistência.
Novembro de 2023
