Autora: Máriam Abbas
No passado dia 15 de Março, o Senhor Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, apresentou os resultados do Relatório de Segurança Alimentar Pós-Colheita de 2022. A avaliação tinha como objectivo avaliar o ponto de situação da Segurança Alimentar Aguda nos Agregados Familiares (AFs) nas áreas urbanas e rurais do país, no período pós-colheita em 2022.
Neste âmbito, o presente texto tem como objectivo fazer uma análise ao relatório, fazendo uma reflexão sobre a metodologia adoptada e os resultados obtidos, com base apenas na informação disponibilizada no relatório.
De acordo com os resultados apresentados no presente DR, pode-se concluir que 50% da população moçambicana pode ser considerada em situação de insegurança alimentar aguda. De acordo com a classificação do IPC, cerca de 40% da população encontra-se numa situação de insegurança alimentar aguda de estresse, e 10% da população apresenta níveis elevados de insegurança alimentar aguda.
A análise de outros indicadores (utilizados para a classificação do IPC) corroboram estes resultados: cerca de 40% dos AFs teve um consumo alimentar mínimo ou pobre, 22% dos AFs experienciou fome moderada ou severa, 36% dos AFs adoptou estratégias de consumo alimentar de estresse e 10% de crise ou de emergência. Além disso, verificou-se também que mais de metade dos AFs não possui reservas alimentares ou que estas duram por pouco tempo – menos de 1 mês para o caso dos cereais e menos de 3 meses para o caso dos feijões.
Conclui-se também que a informação apresentada no relatório de segurança alimentar pós-colheita de 2022 está incompleta e, portanto, não permite confirmar a fiabilidade e robustez dos resultados. Adicionalmente, não é possível avaliar a evolução da insegurança alimentar aguda no período pós-colheita entre 2021/22 e 2022/23, uma vez que os dos estudos apresentam uma cobertura amostral e universos populacionais diferentes e, portanto, os seus resultados não são comparáveis.
Março de 2023
