Autores: Andrea Santopaolo e Alberto Manuel Luís
RESUMO:
Para responder aos desafios colocados pelas práticas agrícolas convencionais, este estudo investiga o potencial da agro-ecologia como uma abordagem sustentável para a agricultura urbana na cidade de Maputo, Moçambique. A agro-ecologia integra princípios ecológicos com dimensões socioeconómicas e políticas, apresentando um caminho viável para desenvolver sistemas agrícolas sustentáveis. Esta pesquisa centra-se na transição para práticas agroecológicas entre os agricultores urbanos de Maputo, destacando o papel da Formação Agrícola Participativa (FAP) promovida pela ONG moçambicana ABIODES. A FAP tem como objectivo reforçar a resiliência e a segurança alimentar dos agricultores através da troca de conhecimentos e da aprendizagem colaborativa. Recentemente, a prática da FAP foi promovida pela ABIODES e pelo GVC WeWorld, durante o projecto AgriUrb, financiado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS).
A agricultura urbana é uma solução crítica para os desafios de segurança alimentar em áreas de rápida urbanização. Com mais de 14.500 agricultores a dependerem da agricultura em Maputo, a mudança para práticas sustentáveis e agro-ecológicas é vital. A formação estruturada em métodos agroecológicos fornecida pela FAP tem como objectivo promover práticas agrícolas mais sustentáveis. Este estudo utiliza uma análise qualitativa para avaliar a transição agroecológica entre os agricultores que participam na FAP, comparando as suas práticas com as dos que não participaram, e avaliando o impacto destas práticas nos sistemas de agricultura urbana.
Utilizando o Quadro de Sistemas Sócio-Ecológicos (SESF) e uma metodologia de avaliação da transição agroecológica, esta pesquisa recolheu dados através de observações, entrevistas e relatórios de ONGs. Procura compreender como a formação participativa influencia a adopção de práticas sustentáveis pelos agricultores e as implicações mais amplas para a agricultura urbana em cidades como Maputo.
Espera-se que a pesquisa revele benefícios significativos da agro-ecologia, incluindo a melhoria da diversidade de culturas e paisagens, a gestão sustentável dos solos e o aumento do controlo de pragas e doenças através da biodiversidade funcional. Estes resultados sublinham as vantagens da agro-ecologia na promoção da segurança alimentar e sustentabilidade em ambientes agrícolas urbanos. Além disso, os resultados fornecem informações valiosas para políticas e estratégias práticas para promover um sistema alimentar urbano sustentável e resiliente. Este estudo destaca a necessidade de fornecer recomendações adaptadas e accionáveis aos principais intervenientes dentro do ecossistema da agricultura urbana (AU), promovendo a colaboração entre agricultores, ONGs e decisores políticos. As principais estratégias incluem a criação de programas de formação específicos, apoio ao acesso ao mercado e estruturas de incentivo às práticas agroecológicas, com o objectivo de desenvolver um sistema alimentar urbano integrado e sustentável.
ABSTRACT:
Addressing the challenges posed by conventional agricultural practices, this study investigates the potential of agroecology as a sustainable approach for urban agriculture in Maputo city, Mozambique. Agroecology integrates ecological principles with socio-economic and political dimensions, presenting a viable pathway to develop sustainable farming systems. This research focuses on the transition towards agroecological practices among urban farmers in Maputo, highlighting the role of participatory agricultural training (FAP) provided by the Mozambican NGO ABIODES. FAP aims to bolster farmers’ resilience and food security through knowledge exchange and collaborative learning. Recently, the FAP practice has been promoted by ABIODES and GVC WeWorld, during the AgriUrb project, financed by the Italian Agency for Cooperation and Development (AICS).
Urban agriculture is a critical solution to food security challenges in rapidly urbanizing areas. With over 14,500 farmers relying on agriculture in Maputo, the shift towards sustainable and agroecological practices is vital. The structured training provided by FAP in agroecological methods aims to promote more sustainable farming practices. This study employs a qualitative analysis to assess the agroecological transition among farmers participating in FAP, comparing their practices with those who have not participated, and evaluating the impact of these practices on urban farming systems.
Utilizing the Socio-Ecological Systems Framework (SESF) and an agroecological transition assessment methodology, this research collected data through observations, interviews, and NGOs reports. It seeks to understand how participatory training influences farmers’ adoption of sustainable practices and the broader implications for urban agriculture in cities like Maputo.
The research is expected to reveal significant benefits of agroecology, including improved crop and landscape diversity, sustainable soil management, and enhanced pest and disease control through functional biodiversity. These outcomes underscore the advantages of agroecology in promoting food security and sustainability in urban agricultural settings. Additionally, the findings provide valuable insights for policy and practical strategies to foster a sustainable and resilient urban food system. This study highlights the need for providing tailored and actionable recommendations to key stakeholders within the urban agriculture (UA) ecosystem, promoting collaboration among farmers, NGOs, and policymakers. Key strategies include creating specific training programs, market access support, and incentive structures for agroecological practices, aiming to develop an integrated, sustainable urban food system.
Setembro de 2025