Autor: Janete Cravino
Pode-se afirmar que a actual estrutura económica das províncias de Manica e de Sofala reflecte, no essencial, o processo de colonização (assentamentos urbanos e sectores de serviços, em particular os transportes) e a penetração do capital nos sectores produtivos (agricultura, minas e turismo – Gorongosa). Os conflitos, antes e depois da independência, e mudanças de estratégias, primeiro da colonização (evolução e transformação da Companhia de Moçambique, intensificação capitalista no que se designa de “colonialismo tardio”, depois o período socialista pós-independência e, finalmente, a liberalização económica depois de princípios da década de noventa do século XX), têm provocado descontinuidades de curto prazo mas significativas em termos de volumes produtivos e do tipo de agentes económicos, mas não da estrutura económica e de reassentamentos urbanos configurada desde finais do século XIX.
Ao contrário da história, tanto a colonial, como a da Frelimo, e esta última reflectida na história de Moçambique ensinada nas escolas, e ainda pelo reconhecimento oficial em actos e discursos, o contributo de movimentos e personalidades naturais da zona Centro foi negligenciado ou marginalizado, através de diversos processos (ocultação e marginalização através de diferentes métodos, incluindo os violentos). Estes aspectos são referidos em outras partes integrantes da pesquisa. Neste texto, foi somente abordado o caso do reino do Báruè e do seu dirigente Makombe, tanto nas lutas locais pré-ocupação efectiva colonial como de resistência à colonização)
Data: Dezembro de 2021