DR # 345 50 anos das desigualdades em Moçambique território, género e condição social

Autor: Yasser Arafat Dadá

As desigualdades em Moçambique, cinquenta anos após a independência, permanecem estruturais e persistentes. A análise centra-se nas disparidades territoriais, de género e de condição social no meio rural entre 1975 e 2025. O país apresenta fortes assimetrias regionais, com o Sul, em particular Maputo, a concentrar o poder político e económico, enquanto o Centro e o Norte se mantêm marginalizados. O fosso urbano–rural continua profundo: indicadores de rendimento, educação, saúde e infra-estruturas revelam vantagens para as áreas urbanas.

No domínio de género, as mulheres rurais enfrentam barreiras sistemáticas no acesso à terra, educação, crédito e participação política. A condição social introduz desigualdades adicionais no seio das comunidades rurais, diferenciando pequenos produtores de subsistência, agricultores emergentes e elites locais, com acesso desigual a recursos, mercados e poder.

As políticas públicas pós-independência tiveram impacto limitado na redução das desigualdades. As reformas de mercado e os megaprojectos favoreceram sobretudo elites urbanas e regionais, gerando enclaves de prosperidade cercados por pobreza persistente.

Conclui-se que as desigualdades em Moçambique são interligadas e cumulativas, penalizando particularmente as mulheres e famílias rurais pobres, principalmente do Norte e Centro. A sua persistência compromete o desenvolvimento sustentável e alimenta tensões sociais. Recomenda-se investimento em educação e saúde, fortalecimento da agricultura familiar, descentralização de recursos, inclusão efectiva das mulheres e sistemas robustos de protecção social, de modo a promover um desenvolvimento mais justo e coeso.

Setembro de 2025

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Setembro

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