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DR #288 Desigualdades sócio-económicas e conflitualidades em Moçambique

Autor: Roberto J. Tibana

Moçambique conheceu, nas últimas décadas, uma intensificação dos fenómenos de instabilidade interna, incluindo demonstrações ou manifestações pacíficas, greves, distúrbios ou perturbações violentas da ordem pública, violência de actores estatais contra civis, e insurgências armadas. Estes conflitos são organizados, isto é, envolvem grupos socioeconómicos e fundam-se numa identidade intra-grupo e num antagonismo entre grupos. A reacção dos poderes políticos, que representam os interesses de alguns dos grupos em contenda, tem sido caracterizada por uma negação ou minimização desses fenómenos, enquanto intensificam a repressão e as respostas militares com vista a abafá-los, em lugar de procurar compreender as suas raízes profundas e encetar a procura de soluções pacificadoras para os mesmos.

Este trabalho visou contribuir para a compreensão das causas dos conflitos em Moçambique. Conclui-se que um dos seus principais factores é a desigualdade profunda no usufruto de benefícios e oportunidades socioeconómicas na sociedade moçambicana.

Para além de descortinar a relação que existe entre as desigualdades e os conflitos de natureza não violenta, o trabalho revela que existe uma relação positiva entre a acumulação de desentendimentos de natureza não violenta com o surgimento das formas mais violentas de conflitualidade, como as guerras civis e as insurgências armadas de que o país tem sofrido. Isto sugere que a ausência ou o enfraquecimento de instituições de arbitragem de insatisfações e desentendimentos não violentos, bem como o fechamento dos espaços de protesto pacífico, pode explicar a evolução de formas não violentas para formas violentas de protesto.

Agosto de 2024

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Agosto

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2024

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