Coordenadora da Linha de Investigação: Uacitissa António Mandamule
Para além de constituir a principal fonte de subsistência nas zonas rurais, a terra detém uma importância simbólica assumindo um papel estruturador das relações sociais. Em curso desde 2012, esta linha de investigação coloca o enfoque sobre a análise do regime de propriedade da terra em Moçambique, sobre as formas de acesso e sobre conflitos de terra em virtude da implementação de grandes projectos no meio rural.
Com uma forte orientação para a advocacia, através desta linha de investigação pretende-se reforçar o processo de divulgação sobre temáticas relacionadas com o acesso, segurança e posse de terra, contribuindo para a melhoria de políticas públicas e para uma melhor coordenação entre Estado, investidores e populações locais.
Projecto 1
A recuperação pós-catástrofe começa imediatamente após o período de emergência e continua até ao regresso da vida a um estado normal ou melhorado (Amaratunga e Haigh 2011; Barenstein e Leemann 2012; Lizarralde, Johnson e Davidson 2009). Esta consiste num conjunto complexo de medidas sociais, financeiras e tecnológicas (Thurairajah 2011), incluindo a reconstrução das infraestruturas físicas das áreas afectadas (Dauphiné e Provitolo 2013).
Se para o governo, deslocar a Vila de Búzi e reassentar toda a população na zona de Guara-Guara parece ser a solução para a questão das inundações, a população pergunta-se porque é que algumas pessoas ainda são autorizadas a construir nas áreas supostamente de risco? Porque é que o governo defende o reassentamento na localidade de Guara-Guara, enquanto empreende novas construções em Búzi? Se toda a população se mudar para Guara-Guara, o que acontecerá com as terras em Búzi? Porquê da diferença nos modelos de casas construídos para as populações reassentadas?
O projecto de pesquisa tem como objectivo analisar o processo de reconstrução pos-ciclone Idai e seus efeitos na redução da vulnerabilidade das populações locais, do distrito de Búzi. Num contexto marcado pela descoberta de recursos naturais e de aumento da procura e pressão sobre a terra, considera-se que a adopção de abordagens holísticas e participativas – que valorizem o conhecimento e as práticas culturais das comunidades a quem destinam-se as iniciativas de reconstrução, pode contribuir para reduzir a vulnerabilidade das populações face à ocorrência recorrente de eventos climáticos extremos. Mais especificamente, pretende-se:
A pesquisa empírica será aplicada na Província de Sofala, junto das populações das zonas afectadaas pelo ciclome Idai no distrito de Búzi, assim como nas áreas de reassentamento trabalho de campo e observação não-participante, serão recolhidas histórias de vida de pessoas abrangidas pelos projectos de reconstrução e realização de entrevistas de grupo com produtores (reassentados e regressados) e populações circunvizinhas nas zonas de reassentamento. Serão igualmente realizadas entrevistas com membros do governo do distrito, pessoal a nível do INGD e do GREPOC na Beira, ONGs locais e internacionais de, e junto à empresa Buzi Hydrocanetos.
Input your search keywords and press Enter.