Autores:João Feijó
O governo de Moçambique vem insistindo na mensagem que o país enfrenta um inimigo “sem rosto”, não existindo canais de comunicação, pelo que se desconhecem as suas pretensões. Trata-se de uma mensagem repetida pela imprensa moçambicana, de forma acrítica, não permitindo a compreensão das dinâmicas do conflito e não abrindo oportunidades para considerar a hipótese de diálogo.
Mais recentemente, o ex-Presidente Joaquim Chissano veio quebrar esta linha de pensamento, admitindo que certos tipos de terrorismo acabaram através de negociações, defendendo a compreensão das causas da violência armada e esperando o aparecimento de um líder do grupo rebelde que abra uma oportunidade de diálogo, de forma a terminar com a violência armada.
É neste contexto que este Destaque Rural procura apresentar alguns líderes dos machababos, descrevendo o seu trajecto biográfico e respectivas funções no grupo. Num segundo momento explica-se a existência de um projecto político insípido e incoerente, assente em interpretações fundamentalistas do Islão e na exploração de sentimentos de injustiça e de exclusão social. Finalmente, demonstra-se a existência de canais de comunicação entre os machababos e as populações, mas também com o Estado moçambicano, durante a negociação e pagamento de resgates. O texto demonstra que podem ser criados espaços de negociação, desde que haja vontade política, de ambas as partes, para dialogar.
Vejam a versão em inglês no documento em anexo (See the English version in the attached document).
Data :Agosto de 2021